Um pouco de história do Arraial A história do Arraial d´Ajuda , um povoamento típico dos aldeamentos jesuíticos do século XVI, começou com a construção da igreja, que recebeu a primeira romaria do Brasil e hoje acolhe cerca de 15 mil romeiros da Bahia e do restante do país, que durante a Festa da Santa, de 7 a 15 de agosto, chegam para pagar promessas, fazer pedidos e render graças à padroeira do distrito, dos marinheiros e das longas viagens.
O Arraial de Nossa Senhora foi mais uma homenagem a Tomé de Souza e aos primeiros jesuítas que aqui chegaram em 1549, com suas 3 naus: Conceição, Salvador e Ajuda, que viriam a ser nomes de cidades e de suas primeiras igrejas. Antes da construção da capela de palha só havia um planalto com uma plantação de um canavial.
Na formação do povoado ajudou o ciclo da cana-de-açúcar e a partir de 1720, o do cacau. Tiveram influências também outras culturas como piaçava, farinha de mandioca e pesca. Mas a maior de todos, sem dúvida, foi a peregrinação religiosa de centenas de pessoas que vinham em romaria e outros que mandavam buscar a água. Propagado pelos jesuítas que "fez Nossa Senhora mercê de abrir milagrosamente aquela fonte", a boa nova do milagre se espalhou por todas as capitanias do Brasil. Em 1763, o Ouvidor Tomé Couceiro de Abreu escreve ao rei de Portugal sobre as “vilas e rios da capitania do Porto Seguro”, onde fala de Trancoso, Vale Verde, mas não menciona o Arraial. Há algumas hipóteses de que o Arraial seria a antiga vila de Santo Amaro, ou que se chamava de vila de “Insuacome”. Até o início do século XIX o Arraial d'Ajuda parecia não existir com alguma notoriedade maior. Na formação da população do atual distrito tiveram influência vários grupos étnicos, os indígenas (índios pataxós) negros e os estrangeiros (portugueses, franceses, holandeses, ingleses e espanhóis). Milagres de N.Srª d'Ajuda fazem história
Diversos religiosos, incluindo o padre Manoel da Nóbrega, deixaram relatos escritos sobre a aparição da imagem de Nossa Senhora d'Ajuda, a construção da igreja da santa e a água milagrosa que brotou aos pés da igreja. Em sua “Crônica da Companhia de Jesus no Estado da Bahia”, de 1864, o padre Simão de Vasconcelos conta que um velho lenhador, habitante de um rancho nas redondezas da costa, subiu um dia ao ápice da montanha com o objetivo de encontrar melhor madeira com que pudesse restaurar alguns portões de sua cabana, quando esbarrou num fragmento de rocha: era a milagrosa santinha. De joelhos, o simples homem tomou-a nas mãos e retornou logo à sua casa, colocando a imagem numa cavidade da parede de seu humilde casebre, enfeitando-lhe com flores diversas. Todo o resto do dia o homem se pôs a rezar, até dormir, vencido pelo sono. Logo ao acordar dá por falta da santa e volta ao mesmo local da véspera, onde lá estava a imagem, na mesma posição. O lenhador traz a santinha de volta e a coloca no oratório. Torna a rezar e a dormir e ao abrir os olhos, nada da imagem. Pela terceira vez a encontrara e compreendera o seu divino propósito, e, inspirado talvez pelo céu, transfere sua cabana para o lugar do precioso achado, hoje ocupado pelo templo. O lenhador torna-se então um ermitão e passa a peregrinar em torno, fazendo curas milagrosas, cujos proventos se destinavam ao levantamento de uma igreja para a santa, à qual deu o nome de Nossa Senhora d'Ajuda. Ajuda era também o nome de uma das três caravelas que trouxeram os primeiros jesuítas para o Brasil em 1549: Conceição, Salvador e Ajuda.
Urbanização começou a partir da igreja A igreja de N. Srª d´Ajuda começou a ser construída em 1549, com taipa, adobe e cobertura de palha. Ao seu redor foram construídas casas, que além de abrigarem os jesuítas, serviriam também para o trabalho de catequese dos índios. De acordo com o relato de Fausto Rodrigues de Almeida, em seu livro "Descubra Porto Seguro", o primeiro e o segundo tempo que se edificaram ruíram numa noite, por ter a frente para o mar, um, e o outro para a terra, coisa que a caprichosa santa não queria. Se os padres a colocavam voltada para Leste, ela vira-se para Oeste e mesmo para o Sul, preferindo encontrar-se com o Norte. Nesta posição se encontra a atual igreja. Em 1772 a igreja, que pode ser avistada a quatro ou cinco léguas do mar, foi totalmente reconstruída.
O conjunto arquitetônico atrás do altar é composto de cinco imagens: o Crucificado, Santo Amaro, Santo Antônio e duas imagens de nossa Senhora d'Ajuda, uma menor, considerada milagrosa, com 31 cm de altura, trazida de Portugal, em 1549, pelos missionários jesuítas, e outra maior, do Século VXIII. Ambas permanecem no altar mor, ficando a pequena instalada numa posição superior. A igreja possui ainda uma sala de milagres, com inúmeros ex-votos de agradecimento à santa, sendo o mais antigo datado de 1893. De acordo com o Guia Cultural do Made (Museu Aberto do Descobrimento) a igreja não foi apenas o marco de fundação do Arraial d'Ajuda, ela foi também o fator determinante da continuidade e desenvolvimento do vilarejo. "A provável causa da afirmação do núcleo urbano foi a peregrinação religiosa, que progrediu a partir do Século XVIII, com romarias e pessoas em busca da fonte milagrosa", diz o documento. Segundo o guia, o padre Manoel da Nóbrega rezou a missa de Natal na igreja em 1550 e José de Anchieta veio em romaria em 1583. O Santuário do Arraial d'Ajuda é considerado o mais antigo santuário católico do Brasil, cuja romaria acontece a partir de 6 de agosto, com o ápice da festa em homenagem à santa padroeira do Arraial no dia 15 de agosto.
Água milagrosa jorra aos pés da igreja Segundo o cronista da Companhia de Jesus no Brasil, padre Simão de Vasconcelos, em 1549, com seu suor e de alguns companheiros, estavam construindo a ermida de N. Srª d'Ajuda. Tanto para o preparo da argamassa quanto para uso doméstico, os religiosos eram obrigados a buscar água longe, tendo que subir e descer colinas e atravessar a propriedade de um morador, que não se conformava com as idas e vindas por dentro de sua propriedade. Entristecidos com a situação, os religiosos suplicaram à virgem que contornasse tal estado de coisas. Com imenso esforço, já haviam conseguido levantar a capela-mor do santuário e um dia, quando o padre Francisco Pires celebrava a missa na referida capela, verificou-se o milagre.
Oficiava o sacerdote com celeste fervor, quando ouviu-se repentinamente, debaixo do altar, "um sonoro e brando sussurro", no dizer do padre José de Anchieta, indo brotar aquela corrente de água fora do frontispício da igreja, ao pé de uma frondosa árvore. Para ver e admirar o grande prodígio correram todos os moradores, e entre eles, aquele que repudiava o trânsito dos padres por dentro de suas terras. Segundo narra o padre Simão de Vasconcelos, o homem ficou tomado de espanto, vendo quão mais liberal se lhe mostrara a senhora dos religiosos, e com água mais doce e clara. Tocado pela repreensão dos céus, virou ele devoto especial da santa.
O milagre da imagem se espalhou por todas as companhias da costa do Brasil e grandes levas de romeiros, procedentes dos mais avançados pontos da colônia passaram a vir em busca da ermida e da cura pela água. Cronograma da igreja 1549 - Início da construção pelos jesuítas 1551- Já nessa época, o padre Antonio Pires refere-se à igreja como uma ermida muito visitada pelas romarias. 1583- Visitam-na em romaria os padres José de Anchieta, Cristóvão de Gouveia, Ferrão Cardin e outros jesuítas. 1772- A igreja é reformada e a feição é a que permanece até hoje.
Fonte: Volume V do Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia (IPAC) O campo de aviação O campo de aviação, chamado como "Campo de Emergência", foi construído em 1939 como a base estratégica a serviço dos promotores da 2ª Guerra Mundial. Sob responsabilidade do engenheiro-de-campo, Galdino Mendes, o campo foi feito em menos de 60 dias. A "Revoada de Maio de 1939" foi uma festa para Porto Seguro e Arraial, que contou com a presença do almirante português Gago Coutinho e Sacadura Cabral, que já era conhecido desde 1922 devido à primeira viagem aérea entre a Europa e a América, num pequeno avião "Lusitânia". Também funcionava aqui uma agência de correios nos anos de 1947 – 1950. Hoje no lugar do Campo de Aviação existe o Parque Central e ao longo da pista, especialmente do lado direito, alguns bairros mais populosos como o Villas do Arraial, São Francisco, São Pedro, Guanabara ,e Santiago.
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